Conheça os gatilhos organizacionais que podem desencadear transtornos mentais e saiba como avaliar o impacto da cultura corporativa na saúde mental
De acordo com o Relatório Mundial de Saúde Mental, publicado em junho do ano passado pela OMS, um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental em 2019 – incluindo 15% dos adultos em idade ativa.
Na visão da entidade, o trabalho amplifica questões sociais mais amplas que afetam negativamente a saúde mental – como a discriminação e a desigualdade, por exemplo.
Indo além, um estudo global realizado pela Gallup aponta o ambiente tóxico como uma das principais causas do burnout – que já foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença ocupacional. Entre outros gatilhos organizacionais não só para o burnout, mas para transtornos mentais de uma forma geral, estão:
Tratamento injusto;
Carga de trabalho não gerenciável e excesso de trabalho;
Falta de clareza na comunicação;
Falta de suporte da liderança;
Pressão de tempo exacerbada.
Portanto, para criar uma cultura/ambiente saudável com menos risco de esgotamento, os líderes devem inicialmente direcionar seus esforços para resolver esses pontos.
O episódio 4 do podcast HumanaMente aprofunda esse debate.
Durante o programa, Alessandra Cavalcante, Rachel Goldgrob e Mariana Clark falam sobre os gatilhos organizacionais responsáveis por criar culturas tóxicas e apresentam caminhos para as empresas desenvolverem uma cultura de cuidado e acolhimento.
A seguir, confira os destaques da conversa e saiba como ouvir o podcast na íntegra.
Entendendo os gatilhos organizacionais que podem desencadear transtornos mentais
O programa começa com reflexões importantes sobre a sociedade do desempenho e a relação da indústria da motivação com a pandemia silenciosa de saúde mental que vivemos.
Alessandra destaca que a cultura e os processos da empresa traduzem o ambiente da organização. A partir dessa compreensão, ela apresenta perguntas que ajudam a analisar o cenário e identificar possíveis gatilhos organizacionais para transtornos mentais:
Promoções e avaliações de desempenho estimulam a competição ou a colaboração?
Como esses processos são conduzidos? A comunicação com os colaboradores é transparente?
Como a organização lida com incertezas? O ambiente oferece segurança psicológica?
A liderança é humanizada ou baseada no comando e controle? Os líderes se colocam no lugar dos outros? Eles recompensam ou punem a vulnerabilidade?
“Tudo isso traz gatilhos. Se cultura e processos não estão alinhados com a construção de um ambiente saudável, o ambiente será tóxico”, alerta a especialista.
Para Mariana, para quebrar os gatilhos organizacionais que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais, a liderança precisa entender a importância de ter conversas profundas e necessárias.
Nesse sentido, ela explica que a falta de feedbacks construtivos é um problema grave porque deixa a equipe com uma série de fantasias que acabam gerando angústia. A cultura do cuidado, em contrapartida, traz a atenção para o centro e para a dinâmica das relações humanas.
“Que as organizações e lideranças possam funcionar não mais para serem fontes de sofrimento, mas para desligar ameaças, acalmar as pessoas e ajudá-las a se autorregularem”, recomenda a especialista.
A busca pela alta performance é um dos gatilhos organizacionais para transtornos mentais?
Dentro dessa conversa, é impossível não falar sobre a busca pela tal ‘alta performance’…
Questionada sobre como a corrida por resultados impossíveis afeta a saúde mental, Rachel explica que é importante compreendermos que uma performance diferenciada, em que o profissional consegue superar seus próprios resultados, não deve ser sinônimo de busca de resultados a qualquer custo.
Aliás, pelo contrário. Para a especialista, tanto a performance individual quanto a de um time é muito melhor em um ambiente de cooperação e de aprendizagem do que em um ambiente de competição enlouquecida e busca por resultados impossíveis.
Ela acrescenta, porém, que um certo nível de estresse e ansiedade pode até ser positivo. “Ter uma meta desafiadora, mas possível de alcançar, é algo bom, pois é o tipo de estresse que até determinado ponto faz a gente se mover. Mas se esse nível de estresse subir demais e se a pressão for muito absurda, você vai no oposto – seu desempenho vai cair absurdamente. No fundo, o que a gente vê hoje dentro das organizações é uma dinâmica contraproducente que não nos leva para a tão almejada alta performance”, conclui.
A partir dessas reflexões, Alessandra, Mari e Rachel apresentam pontos de atenção que ajudam o ouvinte do Podcast HumanaMente a entender se a cultura e os processos de sua organização e liderança estão sendo conduzidos na direção correta.
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